Desde que me
entendi por gente já tinha a mente assolada por perguntas. E as respostas que a
mim chegavam definitivamente nada respondiam. Cresci numa família com
orientação religiosa, mas aos poucos fui fazendo meu próprio caminho. Vou
contar como foi meu encontro com o Yoga
e com o Vedanta. Tinha na época 21
anos, estava muito curiosa em saber o que afinal era esse tal Yoga... Soube,
então, que perto de onde eu morava, uma senhora de 70 anos dava aula de āsana (posturas físicas) e yoganidrā (“sono consciente”, aquele “relaxamento”
que acontece na parte final das aulas). Ela era incrível, Dona Maria Helena, um
ser humano muito especial. O cabelo já todo branco preso numa grossa trança que
lhe caía até a cintura. Aquela coluna septuagenária perfeitamente ereta, ali em
padmāsana (postura de lótus). A
tranquilidade e a doçura de sua fala, sempre tinha para dar uma receita de chá,
de um remedinho caseiro, um conselho, um consolo, um abraço. Uma mãezinha. Mais
que tudo, lembro de sua alegria. Dona Maria Helena já deixou o plano físico. Meu
começo no Yoga com ela durou pouco mais de 2 anos e foi muito abençoado. Depois
veio o Lorenço, com quem pratiquei por outros 2 anos. O professor da Paz. Eu
estava no auge da minha capacidade física: forte e flexível. Era capaz de fazer
qualquer postura que ensinavam nas aulas. Mas nunca era o bastante. De verdade,
eu não entendia nada. Aquela coisa de prānāyāma (“exercícios respiratórios”), dhāranā (“concentração”),
dhyāna (“meditação”), eu só remedava o professor, feito macaco. Mas, sabe o
quê? Era bom, me ajudava. Foi com Lorenço que comecei a me interessar por
estudar Yoga. E foi por isso que segui na busca. Vieram primeiramente as
leituras dos autores brasileiros Professor Hermógenes, Caio Miranda e Mestre de
Rose. Vieram também outros professores: 3 anos praticando Haṭha Yoga e
Yoga terapia hormonal (pode até ser invenção... mas recomendo fortemente para
as mulheres com problemas de TPM e menopausa), mais 6 praticando no
método de B.K.S Iyengar, quando mergulhei fundo na disciplina de construção
das posturas e alinhamento corporal.Foi em 2008, em meio a uma intensa crise
no campo profissional — durante a qual me submeti a forte assédio moral, todos
os dias, ao longo de um ano, até culminar com a minha demissão —, que me surgiu
um convite para um curso de formação de instrutores de Haṭha Yoga Integral,
nos moldes propostos por Svāmī Satcidānanda Sarasvatī. Meu professor
foi Alexandre Moretto, o Gōvinda. Seu nome é música. É o professor
querido das sessões de mantra ao som orgânico dos tambores, e do melhor yoganidrā que jamais fiz! Do curso de formação, a aula que mais me marcou foi a dos
yama e niyama: a ideia de que Yoga não se resume a uma prática de 2 vezes na
semana numa sala, mas que se trata mesmo de um modo completo de se viver. Quando passei eu mesma a dar aulas de Yoga, não podia faltar esse elemento: o
Yoga para a vida. Há 2 anos, num dos aulões que costuma dar aos sábados
(atualmente não mais), entrou um certo instrutor de grupos de meditação e
técnicas respiratórias que havia conduzido um grupo naquele mesmo espaço horas
antes e fez minha aula. No yoganidrā, ele
caiu no sono. Estava cansado. Tive pena e não o acordei nem mesmo quando a aula
acabou. Ele entrou não somente na aula de Yoga, mas de vez na minha vida e não
saiu mais. Jean Carlo, ele também aluno do Vedanta Online. Meses mais tarde, ele
também faria o curso de formação de instrutores de Haṭha Yoga Integral. Um belo dia, quando ele preparava
uma aula de Yoga, encontrou a reportagem do Professor Jonas Masetti para o Globo Repórter e, logo, o curso online grátis de Vedanta. Logo na
primeira aula, em que se tratou das 3 buscas do ser humano, eu me dei conta de que havia algo ali, algo grande, importante, que eu precisava saber. Assim que
terminaram as 8 aulas do curso online grátis (1ª temporada), Jean Carlo
e eu nos tornamos alunos do curso regular — Turma Shivaशिव. Mais recentemente, meu filho também decidiu
ingressar no curso regular — Turma Durgāदुर्गा. Claro que isso
muito me alegrou. Coração de mãe transborda. Há muito ainda o que aprender, mas
a mudança que experimentei é profunda: mais gratidão, mais compaixão, mais
entrega. A devoção presente. Um cheiro de liberdade. Uma simplicidade que nunca
havia experimentado. Muitas bênçãos! Há muito mais para se falar, mas fica para
uma próxima. Harih Omहरिःओम्!!!